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PALESTRANTES CONVIDADOS

Desde o século XIX, a História da Arte no Brasil tem sido escrita por profissionais formados em áreas diversas que atuavam como críticos – artistas, jornalistas, poetas, escritores e intelectuais de modo geral –, ocupados em discutir a produção contemporânea. Se a história da arte brasileira fosse analisada à parte da crítica de arte, teríamos como resultado um saldo insuficiente do pensamento sobre arte no país, excluindo aqueles que compuseram nosso cenário mais vibrante: de Manuel Araújo Porto Alegre a Gonzaga Duque, de Mário de Andrade a Mário Pedrosa e Ferreira Gullar, de Aracy Amaral a Sônia Salzstein, Ronaldo Brito e Rodrigo Naves, entre outros.

Sendo assim, a terceira edição do Colóquio de Teoria, Crítica e História da Arte propõe como tema geral “A Crítica de Arte como História da Arte”, assunto que se relaciona diretamente com o início do exercício da História da Arte entre nós. Diante disso, faz-se oportuna a discussão sobre a formação da História da Arte no Brasil a partir da crítica num momento em que os cursos de graduação dedicados à disciplina se estabelecem e são reconhecidos, como é o caso do curso de Teoria, Crítica e História da Arte (TCHA) da UnB.

Para além desse aspecto, o tema deste colóquio também propõe relembrar o “Congresso Internacional Extraordinário de Críticos de Arte – Cidade Nova: síntese das artes”, que teve lugar em Brasília, em 1959, marcando a capital como um espaço de debate a partir da discussão sobre suas próprias produções artísticas e arquitetônicas. Nesse sentido, a fala de abertura deve tocar esse ponto de encontro fundamental entre o Congresso de Críticos, o reconhecimento do curso de TCHA e o próprio Colóquio, atualizando o espaço da crítica em Brasília hoje. Embora o grande tema deste Colóquio tenha surgido a partir especificamente do caso brasileiro tendo em vista a situação recente dos novos cursos universitários dedicados à história da arte como espaço para discussão da disciplina, pretende-se que o assunto da permeabilidade entre crítica e a história da arte seja debatido mais amplamente. 

Na contemporaneidade, os sentidos da crítica de arte vêm sendo discutidos por teóricos como um todo. Nos anos 1970, Rosalind Krauss e Hal Foster defendem que a crítica deve servir como um espaço de exame mais do que de julgamento, buscando uma separação entre essas atividades. Por outro lado, Michael Fried, cujo mentor foi o célebre crítico Clement Greenberg, declara abertamente sua defesa de um modernismo específico segundo critérios avaliativos, numa direção contrária àquela de Krauss e Foster. Em outras palavras, não há consenso sobre a direção da crítica atual, mas são evidentes seus desdobramentos em textos mais descritivos, filosóficos, poéticos, acadêmicos, ensaísticos, entre outros. Há, entretanto, a certeza de que a crítica, embora transformada, persiste.

Portanto, não se pretende debater apenas a permeabilidade entre essas duas áreas complementares – crítica e história –, mas pensar a crítica hoje, seus espaços de atuação e novos vieses teóricos. Sendo assim convidamos trabalhos que discutam:

- das diferentes faces do exercício crítico: o contato direto com as obras e seus processos de elaboração, o entendimento histórico, a reflexão teórica. Como combinar esses fatores?;

- dos objetivos da crítica: construção de caminhos para a recepção da obra de arte, circulação de ideias, implementação do debate público. De que forma esses objetivos se mantiveram ou se alteraram?

- dos limites de atuação do crítico e do historiador da arte. Há territórios delimitados?;

- da possibilidade ou não de distanciamento em relação a tendências “hegemônicas” do mercado. Há possibilidades de proposição de abordagens independentes pela crítica?;

- da proximidade entre a crítica hoje e outras disciplinas – antropologia, filosofia, geografia, psicanálise, sociologia, etc. – e mesmo a atualização no Brasil dos estudos feministas, de gênero e afro;

- da crítica transformada em curadoria – quais os contornos ontem e hoje dessa mudança?;

- dos espaços da crítica, desde os anos 1950, e das adaptações desses espaços até mesmo criando novos. Como a academia, as revistas especializadas, as exposições, funcionam hoje como espaços para o exercício crítico?;

- da crítica atual como contribuição para a história da arte de amanhã;

- das relações entre o artista e a crítica;

- dos contornos atuais do texto crítico.

Primeiro dia
9.11.2016
Segundo dia
10.11.2016

PROGRAMAÇÃO

Terceiro dia
11.11.2016
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